Para o corpo curar a mente precisa de superar os obstáculos que encontrar
 
 

Um pequeno toque pode fazer uma grande diferença

Todos os mamíferos, não importa onde estejam - seja no mar ou em terra - precisam de toque... esse sentido de pertença e proximidade. O toque liga filhos e pais, casais e amigos, é uma ponte entre culturas desde o início da humanidade.


O toque pode começar com um aperto de mão como símbolo de negócio fechado, com um abraço entre amigos ou familiares, com um beijo entre um casal. Cada toque entre uma pessoa e outra simboliza uma espécie de declaração de intenções (racional, emocional ou uma combinação de ambas) e expressa muitas mensagens explícitas / implícitas que o nosso corpo recebe e depois nos traduz.


Diferentes pesquisas mostram que os bebés pouco sujeitos ao toque podem mesmo chegar à morte... na psicologia sabe-se que um abraço é um toque muito importante para uma criança. Oferece à criança o sentido de pertença, o reconhecimento de limites e a sensação de segurança de que ela tanto precisa para crescer.


Se olharmos para as crianças, podemos ver que elas experienciam o seu mundo exterior e interior pelo toque desde que são bebés... aprendem a reconhecer o prazer... o perigo... os gostos diferentes... o certo do errado... e basicamente muita da sua compreensão do seu ambiente provém do toque. O gatinhar é um passo muito necessário no desenvolvimento físico (sem ele um bebé pode atingir a hipotonia - um tónus inferior dos músculos que provoca uma diminuição da massa muscular, danos no movimento) e cognitivo de um bebé.


Uma grande parte do cérebro dedica-se ao tato... à deteção com todos os outros sentidos... isto só nos mostra a importância do mesmo.


Se verificar a linguagem quotidiana que utilizamos, verá que a palavra "tocar" surge muito, damos-lhe muito peso em cada parte da nossa vida. Alguns exemplos: toque pessoal (acrescentar uma contribuição única), toque sexual, toque mágico (quando alguém tem um talento especial para fazer algo que outros não conseguem em diferentes assuntos), retoques (corrigir algo), touchdown (aterragem), etc.


Quando compramos roupa, levamos sempre em consideração a textura do tecido e o seu toque na nossa pele. Este assunto é tão importante que os estilistas destas roupas também o têm em consideração na sua confeção. Temos muitas palavras para descrever aquele específico sentido de toque como: toque de seda / toque de veludo - uma textura suave e agradável, etc. As roupas, de facto, são as mais próximas do nosso corpo... são como uma segunda pele e é mais importante para nós que sejam suaves e agradáveis em relação a qualquer outra qualidade.


Quando estamos longe das pessoas que são importantes para nós, a maioria de nós diz coisas como: Tenho saudades do teu abraço... tenho saudades do teu toque... tenho saudades dos teus beijos... tenho saudades da intimidade.


Quando temos uma reunião, qualquer tipo de reunião, esta inclui o toque, quer seja pessoal ou impessoal, não há reunião entre duas pessoas ou dois animais (mamíferos), aliás, que não inclua algum tipo de toque de reconhecimento (um reconhecimento de presença, aceitação).


Tocar é fundamental entre casais para criar uma relação, reforçá-la, expressar sentimentos (amor), criar um sentimento de segurança e pertença e contribuir gradualmente para oficializar a relação e, eventualmente, resultar em ter filhos. Todas estas fases necessitam e incluem diferentes formas de toque, sem o qual não há possibilidade de criar uma relação, não havendo portanto qualquer possibilidade de continuar a raça humana.


Se o toque é tão importante para nós... para os nossos corpos... para as nossas almas... para a nossa cultura... para o mundo... para a humanidade, então porque é que o levamos cada vez menos em consideração?


Porque é que criamos cada vez menos contactos diplomáticos ao mesmo tempo que damos mais espaço para desacordos e menos espaço para soluções?


Porque nos contentamos com encontros sexuais casuais (um breve toque insignificante) e escolhemos cada vez menos uma relação e um toque significativos a longo prazo?


Porque abraçamos menos e dedicamos menos esforços ao desenvolvimento emocional dos nossos filhos?

Porque é que os ensinamos a dedicar o seu tempo a estudos racionais em vez de uma expressão emocional? Porque os levamos connosco para lugares diferentes (como objetos) e não brincamos mais ativamente com eles ou lhes damos toda a nossa atenção... mostrar-lhes o quanto os amamos e valorizá-lo com o toque correto?


Porque é que a palavra "toque" é usada com tanta frequência numa conotação negativa - um toque repugnante (abuso físico / sexual), de tal forma que evitamos mostrar afeto porque pode ser percebido negativamente?


Porque é que vemos cada vez menos o toque amoroso entre casais? E se o fizermos é normalmente curto e direto?


O toque é importante para todos em todo o lado, por isso porque não tentar devolvê-lo ao nosso dia a dia... acrescentar um pouco mais de toque (correto e saudável) às nossas vidas... este pouco acrescentará muita cor, amor e uma sensação de segurança e pertença em tudo... Portanto, quando olhamos para o mundo, que nem sempre é perfeito e nem sempre vai de acordo aos nossos planos, ainda nos sentiremos como se pertencemos, somos amados e mais cheios por dentro.


Utopia? Poderia ser. Mas talvez devesse apenas olhar para isso e tê-lo em consideração, dando mais tempo para o toque e a proximidade e ver o que este lhe faz...